quinta-feira, 17 de julho de 2008
sábado, 12 de julho de 2008
quarta-feira, 18 de junho de 2008
sábado, 14 de junho de 2008
Amor e outros males - Rubem Braga
Uma delicada leitora me escreve: não gostou de uma crônica minha de outro dia, sobre dois amantes que se mataram. Pouca
gente ou ninguém gostou dessa crônica; paciência. Mas o que a leitora estranha é que o cronista "qualifique o amor, o principal sentimento
da humanidade, de coisa tão incômoda". E diz mais: "Não é possível que o senhor não ame, e que, amando, julgue um sentimento
de tal grandeza incômodo".
Não, minha senhora, não amo ninguém; o coração está velho e cansado. Mas a lembrança que tenho de meu último amor, anos
atrás, foi exatamente isso que me inspirou esse vulgar adjetivo – "incômodo". Na época eu usaria talvez adjetivo mais bonito,
pois o amor, ainda que infeliz, era grande; mas é uma das tristes coisas desta vida sentir que um grande amor pode deixar apenas
uma lembrança mesquinha; daquele ficou apenas esse adjetivo, que a aborreceu.
Não sei se vale a pena lhe contar que a minha amada era linda; não, não a descreverei, porque só de revê-la em pensamento
alguma coisa dói dentro de mim. Era linda, inteligente, pura e sensível – e não me tinha, nem de longe, amor algum; apenas uma leve
amizade, igual a muitas outras e inferior a várias.
A história acaba aqui; é, como vê, uma história terrivelmente sem graça, e que eu poderia ter contado em uma só frase. Mas o
pior é que não foi curta. Durou, doeu e – perdoe, minha delicada leitora – incomodou.
Eu andava pela rua e sua lembrança era alguma coisa encostada em minha cara, travesseiro no ar; era um terceiro braço que
me faltava, e doía um pouco; era uma gravata que me enforcava devagar, suspensa de uma nuvem. A senhora acharia exagerado se
eu lhe dissesse que aquele amor era uma cruz que eu carregava o dia inteiro e à qual eu dormia pregado; então serei mais modesto
e mais prosaico dizendo que era como um mau jeito no pescoço que de vez em quando doía como bursite. Eu já tive um mês de bursite,
minha senhora; dói de se dar guinchos, de se ter vontade de saltar pela janela. Pois que venha outra bursite, mas não volte nunca
um amor como aquele. Bursite é uma dor burra, que dói, dói, mesmo, e vai doendo; a dor do amor tem de repente uma doçura,
um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem esperança alguma a gente fica sonhando, como um menino bobo que vai
andando distraído e de repente dá uma topada numa pedra. E a angústia lenta de quem parece que está morrendo afogado no ar, e
o humilde sentimento de ridículo e de impotência, e o desânimo que às vezes invade o corpo e a alma, e a "vontade de chorar e de
morrer", de que fala o samba?
Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, por favor: me deseje uma boa bursite
Ia dizer alguma coisa, mas isso resumetudo!!
gente ou ninguém gostou dessa crônica; paciência. Mas o que a leitora estranha é que o cronista "qualifique o amor, o principal sentimento
da humanidade, de coisa tão incômoda". E diz mais: "Não é possível que o senhor não ame, e que, amando, julgue um sentimento
de tal grandeza incômodo".
Não, minha senhora, não amo ninguém; o coração está velho e cansado. Mas a lembrança que tenho de meu último amor, anos
atrás, foi exatamente isso que me inspirou esse vulgar adjetivo – "incômodo". Na época eu usaria talvez adjetivo mais bonito,
pois o amor, ainda que infeliz, era grande; mas é uma das tristes coisas desta vida sentir que um grande amor pode deixar apenas
uma lembrança mesquinha; daquele ficou apenas esse adjetivo, que a aborreceu.
Não sei se vale a pena lhe contar que a minha amada era linda; não, não a descreverei, porque só de revê-la em pensamento
alguma coisa dói dentro de mim. Era linda, inteligente, pura e sensível – e não me tinha, nem de longe, amor algum; apenas uma leve
amizade, igual a muitas outras e inferior a várias.
A história acaba aqui; é, como vê, uma história terrivelmente sem graça, e que eu poderia ter contado em uma só frase. Mas o
pior é que não foi curta. Durou, doeu e – perdoe, minha delicada leitora – incomodou.
Eu andava pela rua e sua lembrança era alguma coisa encostada em minha cara, travesseiro no ar; era um terceiro braço que
me faltava, e doía um pouco; era uma gravata que me enforcava devagar, suspensa de uma nuvem. A senhora acharia exagerado se
eu lhe dissesse que aquele amor era uma cruz que eu carregava o dia inteiro e à qual eu dormia pregado; então serei mais modesto
e mais prosaico dizendo que era como um mau jeito no pescoço que de vez em quando doía como bursite. Eu já tive um mês de bursite,
minha senhora; dói de se dar guinchos, de se ter vontade de saltar pela janela. Pois que venha outra bursite, mas não volte nunca
um amor como aquele. Bursite é uma dor burra, que dói, dói, mesmo, e vai doendo; a dor do amor tem de repente uma doçura,
um instante de sonho que mesmo sabendo que não se tem esperança alguma a gente fica sonhando, como um menino bobo que vai
andando distraído e de repente dá uma topada numa pedra. E a angústia lenta de quem parece que está morrendo afogado no ar, e
o humilde sentimento de ridículo e de impotência, e o desânimo que às vezes invade o corpo e a alma, e a "vontade de chorar e de
morrer", de que fala o samba?
Por favor, minha delicada leitora; se, pelo que escrevo, me tem alguma estima, por favor: me deseje uma boa bursite
Ia dizer alguma coisa, mas isso resumetudo!!
sexta-feira, 6 de junho de 2008
domingo, 20 de abril de 2008
Revolução Kuat?
Ontem de bucho cheio de tanta pizza, cheguei em casa e para não dormir logo, fiquei assistindo Altas Horas, até aí tudo bem, quer dizer tirando o fato de você estar naqueles sábados à la Bridget Jones (go Mário!) e o pior assistindo Serginho Grossman reduzido a mero entrevistador de celebridades inúteis (leia-se bbbs) e tendo que engulir sapos e mais sapos da juventude burra que no seu programa para dar tchauzinho para as câmeras por trás das tais celebridades inúteis.
Mas como não tinha nada melhor pra assitir mesmo, fiquei por lá olhando a tv, mas com o pensamento longe (não me pergunte onde), aí vi que as bandas convidadas eram o Sepultura e o Teatro Mágico, nunca ouvi atentamente essa banda/circo/teatro, mas aí eu pensei "pô num éque o altas horas tem um resquício de dignidade e cultura", daí eles tocaram/interpretaram/malabarizaram!?/fizeram acrobacias uma música chamada "Pena", muito linda a música por sinal e passei a cogitar assistir o programa até o final porque a banda é realmente boa e talz, enfim, quando terminou e eu empolgado pela banda que depois se apresentaram pessoalmente. Daí que o Serginho começa a falar em revolução, achei que ia sair algo construtivo, mas depois pensei "revolução na Globo? Ta viajando!", mas continueia escutar atentamente quando ele me pega um lata de Kuat e fala na revolução com ela na mão! Cara, pra mim, revolução é um negócio sério, não é pra você sair bradando aos 4 ventos: -Revolução isso, revolução aquilo! Mas só pra sentir o peso da coisa vamos fazer os links: kuat é da coca-cola company, que por sua vez, é uma das multinacionais americanas mais poderosas, que por sua vez, a sua origem pátria é os Estados Unidos, que por sua vez, tentaram de todo jeito barrar a revolução comunista no mundo, principalmente Cuba onde a revolução realmente aconteceu e fizeram o embargo econômico. Se estiver enganado quanto a história, me desculpem, mas acho que foi mais ou menos assim que aconteceu, tudo bem, nessa mesma hora Serginho despencou geral no meu conceito, bem la pra baixo mesmo, eu até tinha algum respeito por ele e talz, mas agora? Je ne se pas! Desliguei a tv e fui dormir porque era o melhor que eu podia fazer aquela altura do campeonato.
- - Tá eu bebo coca, mas em compensação não falo em revolucionar a tudo e a todos, sou medíocre, tenho conciência disso, podia fazer muito mais, mas enfim... quem sabe um dia!
2. - Comunismo vermelho, coca-cola vermelha! Sentiram a ironia?
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Violas Não Falam
-Não diga asneiras! - Ele
-Não sou eu! - o Outro
-Então quem é? - Ele
-Minha viola, acho. - o Outro
-... - Ele
-Sério! Acho que foi ela! - o Outro
-Tem certeza? - Ele
-Acho que sim! - o Outro
-Mas como isso funciona? - Ele
-Não sei exatamente. - o Outro
-Então você tem uma noção? - Ele
-Não... er... quero dizer... mais ou menos, faço uma idéia, uma beeeem vaga idéia. - o Outro
-E então? Como é? - Ele
-Bom, eu não tenho certeza... - o Outro
-Diz logo!! - Ele
-Acho que ela fala através dos meus dedos. - o Outro
-O que? Que absurdo! - Ele
-Tá, se não quer acreditar, não acredite! - o Outro
-Como posso acreditar numa besteira dessa? - Ele
-Ô sei lá acreditando! - o Outro
-E ela fala por notas? - Ele
-Acho que sim! - o Outro
-Meu Deus, olha o que estou perguntando, violas não falam!! - Ele
(Silêncio)
-Já disse para não dizer asneiras!!! - Ele
-Mas não foi eu!! - o Outro
-Não sou eu! - o Outro
-Então quem é? - Ele
-Minha viola, acho. - o Outro
-... - Ele
-Sério! Acho que foi ela! - o Outro
-Tem certeza? - Ele
-Acho que sim! - o Outro
-Mas como isso funciona? - Ele
-Não sei exatamente. - o Outro
-Então você tem uma noção? - Ele
-Não... er... quero dizer... mais ou menos, faço uma idéia, uma beeeem vaga idéia. - o Outro
-E então? Como é? - Ele
-Bom, eu não tenho certeza... - o Outro
-Diz logo!! - Ele
-Acho que ela fala através dos meus dedos. - o Outro
-O que? Que absurdo! - Ele
-Tá, se não quer acreditar, não acredite! - o Outro
-Como posso acreditar numa besteira dessa? - Ele
-Ô sei lá acreditando! - o Outro
-E ela fala por notas? - Ele
-Acho que sim! - o Outro
-Meu Deus, olha o que estou perguntando, violas não falam!! - Ele
(Silêncio)
-Já disse para não dizer asneiras!!! - Ele
-Mas não foi eu!! - o Outro
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Quando não acontece - parte 1
Bati minha mente contra a parede, não li a bíblia, atravessei no sinal aberto, dormi com frio, comi onde não devia, não toquei hoje, furei meus pensamentos e deixei vazar o que mais me valia, peguei o ônibus errado, não notei, não senti, não me preocupei, boiei no nada e nadei para lugar nenhum, saí sozinho, não ri, não vi, vasculhei mas não encontrei, pedi, respirei, me vi, escutei, deixei passar...
terça-feira, 1 de abril de 2008
Links
Outro dia li uma matéria sobre air-bag, dizendo que o tal air-bag de um carro de uma montadora qualquer havia desparado sem querer enquanto o motorista ligava seu carro. Até aí tudo bem (ahn!? tudo bem!?), eu sei que air-bag é segurança e talz, mas eu fiquei preocupado, quem usa óculos como é que fica? Eu como usuário óptico desde os meus tempos de Cavaleiros do Zodíaco (há algum tempo atrás), fiz-me estes questionamentos, porque se um air-bag dispara e atinge uma pessoa com óculos e ele de repente quebra não é pior? Vide que o sistema de acionamento do air-bag acontece em segundos, milisegundos ou num-sei-mais-o-quê-segundos, acho deve fazer um estrago danado e eu como usuário óptico exijo meu direito à segurança! Espero que os engenheiros tenham pensado nisso, ou eles simplesmente supõe que todos os motoristas e passageiros não usam óculos? I hope not! Mas mudando da água para a água oxigenada, lembrei de uma música do Radiohead chamada "Airbag" (tá, e o que é que isso tem a ver?)(nada!), mas me aliviei um pouco, porque se um air-bag salvou o Thom Yorke, pode me salvar também!
Obs.:Se tiver essa música experimente ouvir enquanto lê este ridículo texto!
domingo, 30 de março de 2008
sábado, 29 de março de 2008
Notas sobre um fracasso
domingo, 16 de março de 2008
Se minha vida fosse azul...
Se minha vida fosse azul...
...do amarelo seria verde...
...do vermelho seria roxo...
...da ausência seria triste...
o que de mim em ti restou!
...do amarelo seria verde...
...do vermelho seria roxo...
...da ausência seria triste...
o que de mim em ti restou!
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